terça-feira, 27 de agosto de 2013

Herege

Algumas coisas que aceitamos com naturalidade hoje já foram heresias que colocavam em risco a vida de quem as mencionava: 
"O planeta Terra não é o centro do Universo"
"A raça branca não é superior às outras"
"Mulheres e homens devem ser iguais em direitos e deveres"
"Ninguém deve ter direitos absolutos sobre uma sociedade"
"As pessoas devem ter liberdade de expressão"
Tá certo, algumas ainda não são bem aceitas por todos, mas os que discordam são poucos.
Essas heresias provaram retratar melhor a realidade e ser mais benéficas à sociedade do que as "verdades" que elas substituíram. Mas levaram tempo para serem aceitas.

Tenho lutado com várias heresias que vem martelando minha cabeças nos últimos 20 anos. E tenho me tornado, pouco a pouco, um herege. A velhice não me fez mais sábio, mas, com certeza, mais herege. Sorte minha que não serei - espero - queimado em praça pública por isso. 
Pergunto-me se minhas heresias serão aceitas um dia como mais próximas da verdade do que as ideias que elas confrontam. Talvez - como aconteceu com muitos hereges - eu nem esteja vivo para ver esse resultado. Mas tenho esperança que elas possam ajudar o mundo a ser um pouco melhor e mais justo.
Salvo engano.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Gestão e indigestão

Muitos no Brasil creem que não nos faltam recursos e, por acaso faltassem, há recursos disponíveis mundo afora.
O problema é que nossos governos precisam de um "choque de gestão", dizem. Há muito desperdício, muita corrupção, muita ineficiência.
Li, há muitos anos, um famoso economista brasileiro dizer-se favorável à municipalização com o argumento de que "quando um prefeito erra, é um errinho; quando um presidente faz bobagem é uma enorme bobagem".
A descentralização do poder governamental, por essa ótica, é não só desejável, mas benéfica. 
Mas aí, acontecem as contradições: jornal da minha cidade da destaque para o recuo do prefeito em criar oito secretários adjuntos (leia AQUI). À primeira vista, parece ser uma decisão sensata, pois estanca o gasto público com pessoal - ainda mais oito cargos de alto nível como esses. Só que a análise que não vi foi a de que esses cargos permitiriam às grandes secretarias (como a Saúde e a Educação) descentralizarem a administração, levando o poder de decisão para mais próximo dos problemas a serem enfrentados.
A cidade tem mais de 600 mil habitantes. É difícil exigir eficiência de uma máquina administrativa tão grande ou desejar uma estrutura mais "enxuta" com tão grandes desafios. 
A descentralização do poder de decisão pode, num primeiro momento, aparentar um aumento da máquina pública (que não desejamos), mas permite atingir maior eficiência no uso dos recursos públicos (que almejamos).
O que assistimos hoje no serviço público municipal de saúde é "correr atrás do prejuízo", "apagar incêndios", "o gestor como vítima da demanda". Se nada mudar, vamos continuar assim. Isso não é gestão, é indigestão...

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Ser como Deus

"Os homens devem ambicionar nada mais nada menos do que ser como Deus - e ser como Deus é imitá-lo em sua característica mais essencial, sua característica mais inacessível e mais acessível e mais formidável: sua inflexível resolução em amar.
Num único gesto tornava ele a vida muito mais difícil - não basta aos homens ser menos do que Deus - e mais bela - ser como Deus é amar.
A perspectiva era assombrosa: o caminho de ser como Deus estava aberto a todos os homens, e o requerimento era uma postura ao mesmo tempo singela e exigentíssima: o amor. O evangelho de Jesus é este: o amor é a característica distintiva que Deus escolheu para se definir e se revelar, e é portanto a característica distintiva que Deus sonha escolham para si os seres humanos. A boa notícia não é só que Deus é amor, mas que podemos nós mesmos fazer parte da boa notícia."

(Paulo Brabo, em "As Divinas Gerações", página41/42)