domingo, 27 de junho de 2010

sábado, 26 de junho de 2010

Amando Amado

Ler Jorge Amado - "Navegação de Cabotagem" - é um prazer nem tanto pelo seu estilo literário - que é soberbo, não há dúvida - mas pela franqueza, sensibilidade e bom humor com que narra os fatos e mostra suas emoções em relação a eles. Serão verdadeiros, os fatos e as emoções? Não sei, quiçá quem com ele conviveu possa dizer. Mas, mesmo se comprovada ficção, não deixará de ser sublime e divertido ler suas memórias. Até quando cita outro autor, acerta na mosca!

"Ouça e me diga se não tenho razão: uma parte da vida é o que somos / outra parte o que para nós inventam."

Assim - citando dois versos - termina o curto texto de Jorge Amado - páginas 244 e 245 - sobre o seu poeta português preferido, Fernando Assis Pacheco, sobre quem, confesso, nunca ouvira falar.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Porque não há paz no mundo

Onde queres revólver, sou coqueiro
E onde queres dinheiro, sou paixão
Onde queres descanso, sou desejo
E onde sou só desejo, queres não
E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alto, eu sou o chão
E onde pisas o chão, minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão


Onde queres família, sou maluco
E onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon, sou Pernambuco
E onde queres eunuco, garanhão
Onde queres o sim e o não, talvez
E onde vês, eu não vislumbro razão
Onde o queres o lobo, eu sou o irmão
E onde queres cowboy, eu sou chinês


Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor


Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói


Eu queria querer-te amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és


Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor


Onde queres comício, flipper-vídeo
E onde queres romance, rock’n roll
Onde queres a lua, eu sou o sol
E onde a pura natura, o inseticídio
Onde queres mistério, eu sou a luz
E onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro
E onde queres coqueiro, eu sou obus


O quereres e o estares sempre a fim
Do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal
E eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há e do que não há em mim

Não há paz no mundo porque todos queremos, dos outros, coisas diferentes daquilo que eles são. E vice-versa.


(para ouvir essa linda canção de Caetano, clique no nome - O quereres)

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Mutante

É comum nos referirmos a alguém como "incoerente" - de forma negativa - ou "coerente" - de forma positiva. Dá a impressão que "ser estável" é uma qualidade a ser buscada.

Ao mesmo tempo, muitos elogiam Raul Seixas por ter se reconhecido uma "metamorfose ambulante". Admiram sua coragem em assumir  suas contradições e incoerências.

A busca por uma vida estável, com atitudes e comportamentos coerentes é uma sentença de frustração e inevitável fracasso. Não o somos! Somos, sim, um "poço de contradição" que qualquer estudo de História comprovará. Ou basta olharmos, com sinceridade, para nós mesmos.

Há quem - ousadamente - se reconheça assim, um mutante, imperfeito e inconstante, e com esses nos identificamos, mesmo que timidamente. Só não temos coragem de ser um pouco mais tolerantes e flexíveis com os outros - por serem tão contraditórios - pois teríamos que assumir que somos tal e qual também.

"Porque o bem que quero não faço, mas o mal, que não quero, esse faço" - apóstolo Paulo

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Se você precisava de uma razão para viajar

A frase inscrita no painel frontal de uma agência de turismo na cidade de S. José dos Campos - SP pode ser o que você procurava:

"Seja interessante. Viaje!"

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Não sirvo

"Sou deveras incompetente, inepto, a lista das coisas que todo mundo sabe fazer e eu não sei é longa. Aqui inscrevo apenas alguns exemplos: não sei dançar, cantar, assoviar, nadar, multiplicar, dividir por mais de dois números, empregar os verbos, pronunciar corretamente, dirigir automóvel (mas já soube andar de bicicleta com razoável equilíbrio). Não sirvo para grande coisa."

Jorge Amado, em "Navegação de Cabotagem", roubando meus pensamentos com variações ínfimas...

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Um escritor que se preza

"Um escritor que se preza não escreve para obter prêmios e, sim, para se comunicar, dizer e refletir, considerar, compreender, recriar a vida, servir ao homem."

Jorge Amado, no delicioso "Navegação de Cabotagem" que ainda sorvo va-ga-ro-sa-men-te...

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Os próximos e os distantes

"A Internet nos aproxima dos distantes e nos distancia dos próximos." 


Alejandro Sanz em entrevista pro Jô, conforme dica da Marcia no Facebook

terça-feira, 1 de junho de 2010

Não atendo mais a American Express

Dezenas de telefonemas foram feitos para minha casa na semana passada. Era o tele-marketing do cartão American Express para falar com minha esposa. Ela é titular de uma conta bancária através do qual recebe o salário mensal e a empresa, de posse dessa informação desejava oferecer-lhe um cartão de crédito. Não adiantaria eu dizer não estarmos interessados, pois eles teriam que ouvir de sua boca essa negativa. Informava, então, a cada ligação, o horário de sua chegada, mas eles insistiam em não atentar para essa informação e continuaram a ligar. Ontem não aguentei mais e na terceira vez afirmei que mais um telefonema fora de hora geraria uma reclamação. Dito e feito, ligaram. Telefonei para o Serviço de Atendimento ao Cliente e fiz uma reclamação veemente. Quando contei para a Elaine, ela se admirou pois tinha conversado com a empresa no sábado!!! Aí eu fiquei mais revoltado e hoje liguei para a Ouvidoria da empresa para informar desse agravante e da minha decisão: não atendo mais a American Express.
E assim aconteceu. Dez minutos atrás o telefone tocou e desta vez a pessoa que se identificou como "de parte da American Express cartões" não queria falar com a Elaine, e sim, comigo. Disse: eu não atendo mais a American Express. E desliguei.
A empresa merece mais do que o meu desprezo. Merece um processo por assédio. Mas, deixa pra lá....