sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

"Irada terra arretada ri" - mais do que um palíndromo

"...Irada a terra ri das contradições humanas e se pergunta:
Por que o ser humano só se mexe quando eu me mexo?
Mexo-me porque estou me acomodando, enquanto eles só se mexem quando são incomodados..."

Não deixe de ler todo o texto - não é longo, não - postado pelo Wilson Tonioli, com muita ironia, perspicácia e inteligência no seu Verticontes.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Motivado

"O objetivo de pintar um quadro não é fazer uma pintura, por mais estranho que isso possa parecer. O quadro, se for esse o resultado, é um subproduto que pode ser útil, valioso e interessante, como sinal do que se passou. O objetivo, que está por trás de toda verdadeira obra de arte, é a realização de um estado de ser, um alto ponto de funcionamento, um momento de existência mais do que ordinário."
Robert Henri, citado, como o maior professor americano de arte do século XX, por Edward Deci em seu livro "Por que fazemos o que fazemos".
Segundo Deci, "o ponto de Henri, simplesmente, é de que estar intrinsecamente motivado tem a ver com estar inteiramente envolvido na atividade em si e não em atingir um objetivo (seja ele ganhar dinheiro ou criar um quadro)".
A ser verdade o que Deci afirma, pais, professores, gerentes e líderes tem usado falsos motivadores com seus filhos, alunos, funcionários e subordinados, o que explica, em parte, a sociedade desfuncional em que vivemos.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Obituário

"Se os obituários contassem a verdade a respeito da morte das pessoas, mais da metade indicaria que "...fulano acabou com sua vida prematuramente". A ideia não é que a frase implique em suicídio, no sentido convencional, mas sim realçar o fato de que o comportamento da pessoa falecida, e os fatores psicossociais que o influenciaram, foram contribuintes importantes para a morte."


Edward Deci, no interessante "Por que fazemos o que fazemos", livro da Negócio Editora que há mais de 10 anos mofava em minha estante e que agora leio, entre surpreso e entusiasmado. O autor derruba a maior parte dos conceitos vigentes sobre motivação e os mecanismos usados pela sociedade para levar alguém a ser/agir de determinado modo. E propõe formas de ensino, liderança, "parenting", gerência de RH baseadas na promoção da autonomia.
Voltarei, sem dúvida, a falar deste livro.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

"O meio é a mensagem" (Marshall McLuhan)

"Ao arauto cumpre abandonar as solenes proclamações e tornar-se, na precariedade de sua carne, a própria mensagem."
Postado pelo Alysson, no seu Amarelo Fosco.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

No princípio Rubens criou um blogue...

Diz o ditado que o homem, para se realizar, deve criar um filho, plantar um árvore e escrever um livro. Por muitos anos, acalentei a idéia de que poderia, um dia, ter algo para dizer, e quando este momento chegasse, escreveria um livro que faria diferença na vida das pessoas, que mudaria para melhor, mesmo que um pouco, o mundo. Mas, minhas certezas na vida foram se esvaindo à medida que o tempo passava, e as dúvidas aumentaram com a idade. Consolaram-me as palavras dos Engenheiros do Havaí na bela “Infinita Highway”:
...eu posso estar completamente enganado,
eu posso estar correndo pro lado errado,
mas a dúvida é o preço da pureza,
e é inútil ter certeza...
Tenho a esperança de estar na direção certa, que um dias os motivos serão desvelados e tudo passará a ter significado. No entanto, neste ponto, não possuo lições de vida pra ensinar, nem a habilidade de um novelista. Passei a invejar os autores que escreviam bem, com o conteúdo de quem sabe o que faz. E quase desisti do velho provérbio.
Somente agora, depois dos 50 anos de idade, percebi que a vida fala por si – não preciso ter uma mensagem, ou um roteiro de novela para escrever algo. Devo, especialmente, aos escritos de Rubem Alves (“Um livro são pedaços de mim espalhados ao vento como sementes, para irem nascer onde o vento as levar.” – Aprendiz de Mim), a coragem de ousar por no papel o que me atrevia, no máximo, a relatar aos amigos, em rodinhas para jogar conversa fora. Portanto, caro leitor, escrevo sobre o que vivi, ri ou chorei, e que, de algum modo, ficaram na memória. Não me move a pretensão do ensino, nem a ilusão da criatividade, nem o impulso artístico. Nas palavras de Sá & Guarabyra:
um cavaleiro na estrada sem fim,
um contador de uma historia de mim,
vivo do que faz meu braço,
meu braço faz o que terra manda,
voa tristeza, voa tempo, voa vento... voa...
(“Quem Saberia Perder”).
Não sei quantas pessoas irão ler estas reminiscências, nem o que vão pensar a respeito, mas se minhas lembranças, reflexões e a maneira como eu as conto fizerem o leitor sentir um sorriso maroto surgir no canto da boca, ou uma lágrima transbordar nos olhos, serei agradecido a Deus por me impor este fardo.

Este foi o primeiro texto, postado no "O Tempo Passa", blogue dedicado a recordações, com o qual comecei a vida de blogueiro, no dia 23/03/2006, há exatos 790 postagens. Reitero, hoje, minhas palavras.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

"Correndo com Tesouras"

Filme estranho e interessante. Assisti ontem, na HBO.
Perto do fim, um rapaz, personagem principal da trama, depois de algumas experiências intensas e traumatizantes para seus meros 15 anos, afirma:
Eu quero regras, limites, disciplina! A vida sem isso é uma série de surpresas sem sentido!!!
 Se é!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Transitório e Permanente

Vivemos a tensão de situações opostas e inconciliáveis. Vivemos o transitório, almejamos o permanente.
Muitas vezes forçamos a realidade na tentativa de tornar um em outro: queremos um emprego permanente, um amor permanente, um lugar permanente, uma vida permanente - o que é a rotina senão a tentativa de tornar estáveis, os dias? Até mesmo o calendário - que à primeira vista marca a mudança - na verdade pretende assegurar a continuidade do tempo: 2009, 2010, 2011...
Construímos com a aspiração à permanência - e nossa ânsia em "preservar" monumentos, construções históricas é marca dessa aspiração. A solidez de um edifício é sua principal e mais valorizada característica.
Mas, então, sopram os ventos, caem as chuvas e tudo o que temos por sólido desmancha-se no ar. E vemos, horrorizados, cenas como a da bi-centenária igreja matriz de São Luis do Paraitinga - SP ruir e desaparecer junto com 80 % da histórica e orgulhosa e bonita cidadezinha do interior.
Como diziam quando eu era moleque: "tudo é passageiro, exceto o motorista e cobrador". E até mesmo este último já está se extinguindo...