sexta-feira, 30 de maio de 2008

Produzir

Acabo de ouvir o finzinho de uma entrevista do governador do estado do Mato Grosso à Globo News (canal de TV por assinatura), no qual o governador termina o programa mostrando um projeto de zoneamento ambiental do estado e explica que este projeto irá definir quais as regiões do estado que poderão produzir, quais as que serão para preservação. Para quem não se lembra, o governador é o responsável por um ríspido diálogo com as autoridades ambientais do governo federal, especialmente a ex-ministra Marina Silva e o atual ministro Minc.
Engraçado o termo usado: "produzir", para referir, definir e diferenciar as regiões neste projeto de zoneamento ambiental.
Há um óbvio equívoco no uso do vocábulo, e me admiro do próprio governador e da imprensa não se darem conta dele.
Com este uso, restringe-se à agricultura e à criação de animais a idéia de produção. Nada mais errôneo!!! Porque a floresta preservada é altamente produtiva, tanto ou mais do que uma lavoura ou uma pastagem. E produz não só alimentos, mas outros valores de suma importância para o ser humano *.
É uma pena que tantas pessoas - e tantas autoridades e formadores de opinião - não percebam o erro escabroso e crucial que estão fazendo ou deixando que se faça. Pagaremos alto por ele, todos nós.

* - Gênesis 2.15: "O Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e cultivá-lo."

Errata

Gente, não o Roger que postou o video. Sorry! Foi o Tuco Egg. O link tá correto, a identificação do autor que foi falha nossa!!! Vixe! Tô até parecendo a Globo... vade retro!!!

Por que?

O Roger publica um pequeno video muito interessante em sua Trilha hoje.
E o video pergunta por que algumas crianças de rua são problema e outras, não? Por que damos atenção para umas enquanto outras são simplesmente ignoradas?
O Roger pede uma resposta. Aqui vai a minha:
Infelizmente, para nossa vergonha, as crianças de rua são uma realidade cotidiana em todas as grandes e médias cidades brasileiras. Elas, portanto, fazem parte da "paisagem urbana", vamos assim dizer. Então, quando vemos uma criança com aparência de "criança de rua", achamos "normal", dentro do esperado, e seguimos em frente, pois esta é a nossa - triste - realidade;
No entanto, quando nos vemos frente a uma criança "saudável, limpinha, arrumadinha", há uma distorção na paisagem, pois uma criança assim nunca está - ou deveria estar - só, desacompanhada, abandonada. E imediatamente procuramos sanar a situação, na tentativa de devolver a paisagem urbana ao seu estado "normal".
E aí, Roger, o que achou da minha resposta? E você, amigo leitor, qual é a sua resposta à pergunta?

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Sonhos de Einstein

"Suponhamos que o tempo seja um círculo fechado sobre si mesmo. O mundo se repete, de forma precisa, infinitamente.
Na maior parte dos casos, as pessoas não sabem que voltarão a viver suas vidas. Comerciantes não sabem que farão o mesmo negócio várias vezes. Políticos não sabem que gritarão da mesma tribuna um número infinito de vezes nos ciclos do tempo. Pais e mães conservam na memória a primeira risada de seu filho como se nunca mais fossem ouvi-la. Amantes, ao fazer amor pela primeira vez, despem-se timidamente, mostram-se surpresos com a coxa acolhedora, o frágil bico do seio. Como podem saber que cada olhar secreto, cada toque, serão repetidos e de novo repetidos, exatamente como antes?"

Trecho do interessantíssimo livreto de ficção "Sonhos de Einstein", de Alan Lightman, ed. Cia das Letras, que explora liricamente as mais criativas concepções do Tempo, como se o próprio Albert Einstein as tivesse sonhado.

terça-feira, 27 de maio de 2008

115- INFLAÇÃO (O Tempo Passa...)

Morava em Sorocaba, interior de São Paulo, nos anos 80. Tempos bicudos, de inflação altíssima. O dinheiro que ficava na mão hoje, valia menos amanhã. Melhor gastá-lo ou aplicar no banco.

Nossa situação financeira não era das piores, mas meu salário era pouco e Elaine também não ganhava bem. Com dois filhos pequenos, as despesas de manutenção da família e educação dos filhos deixava todo mes, alguns dias sobrando depois do fim do dinheiro. Era uma correria pra tapar buraco ou pra economizar qualquer coisa.

Um jeito de fazer economia era percorrer todos os três grandes supermercados da cidade, num único dia, anotando o preço de tudo que precisávamos comprar, e depois voltar, adquirindo os produtos de menor preço de cada um deles. Com isso, uma compra que hoje faço em uma hora, uma hora e meia, tomava-me quatro a cinco horas!

E quando o preço era bom mesmo, o jeito era fazer um estoque do produto, porque aquele preço não se manteria por muito tempo. Às vezes, mantinha-se por alguns minutos apenas. Como resultado, o espaço ocupado pela despensa era enorme.

Hoje, aqueles dias parecem pesadelos. Eu rio quando leio nos jornais que a inflação subiu “quase meio ponto percentual por ano em um mês”, preocupando a todos. Os preços naquela época chegaram a subir mais de um por cento num dia!!!

Espero, sinceramente, que esses velhos tempos não voltem mais...

segunda-feira, 26 de maio de 2008

A Pior Estrada do Mundo

São apenas 10 km. No trecho mais íngreme da Serra do Mar. A estrada liga duas cidades turísticas e históricas: uma à beira mar - Paraty (RJ); outra nas montanhas - Cunha (SP). O trecho faz parte da histórica Estrada Real, que um dia, no séc. XIX, ligou Diamantina, em Minas Gerais, ao litoral. Por aí escoava-se a riqueza mineira em ouro e pedras preciosas.
Por tudo isso, esperava-se um mínimo de atenção na manutenção dessa rodovia. Mas não é o que acontece. É praticamente intransitável, e nós só conseguimos passar a troco de muita paciência, cuidado redobrado e 50 minutos para vencer 10 km!
Valeu a aventura, mas sobrou revolta contra o governo do Rio de Janeiro, (i)rresponsável pelo deplorável estado da estrada.
Se alguém acha que estou exagerando, veja abaixo. O trecho todo é assim ou pior!

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Dando nomes aos bois

No post sobre meus bichos (veja aqui), deixei de mencionar os nomes de vários deles. Minha filha, ciosa das lembranças dos nossos bichinhos, deu-me uma lista para que eu pudesse dar nomes aos bois.
Aqui vai:
O coelho branco chamava-se Pipoca; tivemos ainda os seguintes gatinhos: Pink, Kate, Perfex, Manchinha, Madona, Ofélia e Arnie; e também os seguintes cães: Pituka, Pantera, Ira e Toby.
Pronto! Feito justiça à memória dos saudosos amigos!

terça-feira, 20 de maio de 2008

114- SORVETES E MAIS SORVETES (O Tempo Passa...)

Eu era adolescente. Meu tio Renato devia ter uns 50 anos de idade. Já estava com diabetes naquela época. Uma verdadeira tortura para quem era “tarado” por doces, como ele.
Tio Renato, antes da diabetes, gostava tanto de doce, que certa vez, numa reunião de família, os parentes se atracavam para comer “ambrosia” - o doce oficial da família Osório – enquanto outras guloseimas ficaram esquecidas pela turba. Uma delas era uma vasilha de arroz doce, com apenas um quarto dela comido. O tio virou-se para mim, fã que sou de arroz doce e disse: “Vamos deixar eles com a ambrosia, vamos comer este pirex. Meio a meio”. Topei na hora e repartimos aquela vasilha toda, gulosamente, inteirinha!
Pois bem, estávamos no Guarujá, em pleno verão, curtindo a praia. Ele com seus quatro filhos, e mais quatro sobrinhos – eu era um deles. À noite combinamos ir ao centro da cidade tomar sorvete de massa. Havia várias sorveterias na cidade, mas apenas uma oferecia sorvete diet. E só um sabor: chocolate. Já o sorvete normal era oferecido em mais de 30 sabores.
O tio, todo animado, me desafiou: “Vamos ver quem toma mais sorvete”. Achei fácil ganhar dele, afinal eu tinha muitas escolhas e ele só chocolate – iria se enjoar logo.
Qual não foi a minha decepção quando, depois de tanto sorvete, tio Renato conseguiu tomar mais sorvete do que eu. Saí da sorveteria sentindo mal estar, enquanto ele se lamentava: “pena não ter outros sabores, eu até tomaria mais um...”

terça-feira, 13 de maio de 2008

Metendo-me onde não devia

Não gosto de comentar sobre política, porque as discussões que geram são geralmente estéreis.
Mas não posso deixar de lamentar a saída da ministrado meio ambiente, Marina Silva. Tal como lamentaram o Greenpeace, pesquisadores e estudiosos do meio ambiente em todo país.
Uma perda. Torço para que não seja irreparável...

sábado, 10 de maio de 2008

"Gribado..."

"Beguei uma gribe muido forte. Tosse, dor no corbo, congestão nasal, febre. O bacote combleto.
Voldo quando me sendir melhor..."

quinta-feira, 8 de maio de 2008

113- CELEBRIDADES (O Tempo Passa...)

Domingo de sol, Elaine e eu recebemos o telefonema de uma amiga nos convidando para ouvir Dory Caymi e Joyce num show ao ar livre, no parque da cidade, Sorocaba.

Saímos rapidinho e chegamos lá com os primeiros acordes. Já havia muita gente sentada em cadeiras de praia ou na grama do parque. Procuramos nossa amiga e como não a encontramos, resolvemos nos sentar. Passaram-se alguns minutos e uma mulher aproximou-se de nós e identificou-se como repórter de um jornal local. Perguntou se podíamos ser fotografados para a reportagem sobre o show. Aquiescemos, demos nossos nomes e o fotógrafo tirou uma ou duas fotos nossas.

Continuamos vendo e ouvindo o show – muito bom, por sinal – quando um rapaz, de máquina fotográfica na mão chegou-se e pediu para nos fotografar para um outro jornal local. Deixamos que nos fotografasse novamente e demos os nomes.

Sabíamos que eles tiravam fotos de muita gente nesses eventos e dificilmente seríamos escolhidos para ter a nossa foto publicada, inclusive por não sermos celebridades locais. E havia algumas por lá. Finalmente encontramos nossa amiga, vimos juntos o fim do show e fomos embora.

No fim de semana seguinte, por ter um feriado, aproveitamos para viajar um pouco. Ao voltarmos à rotina na segunda-feira, fomos surpreendidos pelos comentários jocosos/elogiosos dos amigos, dizendo que o casal tinha ficado muito bem nas fotos. E realmente, nossas fotos saíram em ambos os jornais.

Impressionante a penetração dos órgãos de imprensa nos lares da cidade. Foi só ter nossa foto publicada e conhecidos de vários ambientes – trabalho, academia, família, comércio – comentaram conosco terem nos reconhecido nos jornais.

Ainda bem que foi na seção cultural e não nas páginas policiais!


Sorocaba não dá, Bete.

A Bete comentou no meu post de ontem, que sair de São Paulo é bom, pode ser até Sorocaba, que já vale.
Discordo, Bete. Infelizmente, discordo.
Quando me mudei pra cá, no início dos anos 80, a cidade tinha 250 mil habitantes. Hoje, com mais de 600 mil, tornou-se uma metrópole. E, como toda metrópole, desumana, violenta e poluída.
Lógico que não há como compará-la com São Paulo - que só se compara às outras megalópolis mundiais, como Cidade do México, Bombaim, Beijin etc - não se trata disso.
É que pensando em qualidade de vida, Sorocaba já deixou de ser aspiração de quem deseja uma vida mais humana e tranqüila.
E não é culpa dos sorocabanos, não. Há um conceito sociológico que afirma que uma cidade que passa dos 500 mil habitantes, no Brasil, deixa de ser governável e seus problemas deixam de ser solúveis e passam a ser, na melhor das hipótesis, controláveis. E o governo municipal vira um "bombeiro" atrás de apagar fogo e não o planejador e gerente social da cidade.
Assim é com Sorocaba, hoje, como o é com Campinas, Porto Alegre, Fortaleza e todas as grandes cidades brasileiras.
A solução está em investir nas pequenas cidades, capacitando-as a receber e "hospedar" com dignidade os cidadãos, controlando seu crescimento e prevendo solução para os problemas antes que eles fujam do controle.
O Brasil tem mais de 5 mil municípios. Menos de 10% destes tem mais de 300 mil habitantes. Se houvesse investimento na qualidade de vida deles (Ubatuba, por exemplo, certo Alice?), em vez de jogar dinheiro no poço sem fundo das grandes cidades, a vida do brasileiro seria, em poucos anos, bem melhor.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Observações de um turista distraído - 14


São Francisco Xavier é um lugarzinho que merece ser visitado. Não por suas atrações turísticas imperdíveis: não as tem. Sua paisagem é muito semelhante a de qualquer outro lugar da Serra da Mantiqueira. Bonita, mas nada de extraordinário. A cidade - que nem é cidade, é distrito - não tem história como Ouro Preto, nem status como Campos do Jordão. Não há monumentos, culinária ou acidentes geográficos espantosos.
Mas é uma delícia de lugar. Com um povo hospitaleiro e simpático. É um lugar simples, mas limpo e bonito. Gos-to-so. Não é preciso ficar muito tempo. Uns poucos dias já transmitem uma tranqüilidade e sossego difíceis de se achar hoje em dia.
Gostei. E muito.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Responsabilidade social

Há mais de 30 anos, o Sr. Antônio Vicente comprou 31 hectares de terra na região de S. Francisco Xavier, na Serra da Mantiqueira, município de S. José dos Campos, SP. Eram terras desoladas, onde o pasto ralo havia tomado o lugar da Mata Atlântica. Reflorestou com mais de 100 mil árvores, cuidou das 30 nascentes sêcas que voltaram a brotar água límpida, contruiu uma pousada para os visitantes poderem apreciar o lugar. Hoje, aos 76 anos de idade, "seo" Antônio olha com satisfação o que já conseguiu e dia que com mais uns anos a mata estará mais bonita ainda. E rentável.
Visitei "O Pouso do Rochedo", andei pela mata, vi lindas cachoeiras, comi um delicioso almoço à base de truta, conversei com o proprietário. Se alguns mais fossem dedicados e entusiasmados com a preservação ambiental como "seo" Vicente, haveria esperança para este nosso pobre e castigado planeta.
Faça uma visita, mesmo que seja só virtual...